Biografia
MURO LX_2021
portfólio
Artur Bordalo (Lisboa, 1987) é hoje conhecido por
BORDALO II, nome artístico que escolheu como homenagem ao avô (o pintor Real
Bordalo), promovendo uma continuidade e reinvenção do seu legado artístico.
A
sua juventude desenrolou-se, precisamente, entre as horas passadas na companhia
do avô e a sua incessante paixão pelas aguarelas, e as aventuras em torno do graffiti
ilegal no submundo da cidade de Lisboa.
Afirma que os oito anos que frequentou
na Faculdade de Belas Artes de Lisboa, lhe permitiram a descoberta da escultura
e a experimentação de uma variedade de materiais que o distanciaram da pintura,
que o levou até lá. O espaço público viria a ser o palco eleito para as suas explorações
de cor e escala e a plataforma onde, gradualmente, foi transformando os seus hábitos
e canalizando as suas vivências na construção e desenvolvimento do seu trabalho
artístico, que se foca atualmente no questionamento da sociedade materialista e
gananciosa de que faz (também) parte. A produção excessiva de
"coisas" ou o consumo exagerado, que resulta na contínua produção de
"lixo" e consequentemente, na destruição do nosso Planeta, são os
temas centrais da sua produção artística. Esse "lixo", assume-se como
a inusitada e singular matéria-prima que usa na construção das peças, de
pequena ou grande escala, que tem espalhado um pouco por todo o mundo e que,
acima de tudo, pretende ser veículo de um manifesto universal.
BIG TRASH
ANIMALS
Big
Trash Animals firma-se como o mais reconhecível corpo de trabalho de BORDALO
II, seja pela mensagem, pela matéria-prima, pela escala ou por usar o espaço público
como media. Digamos antes, como habitat. É uma série de trabalhos que visa
chamar a atenção para um problema da atualidade que tende a ser esquecido e
tornado uma banalidade ou considerado um mal necessário — a produção de lixo, o
desperdício, a poluição e os seus efeitos no nosso planeta.
A
ideia passa por representar uma imagem da natureza, neste caso os animais, construída
com aquilo que a destrói. Através da criação de animais escultóricos gigantes, construídos
exclusivamente com lixo (o mesmo que os mata), BORDALO II propõe um olhar
diferente sobre os nossos hábitos consumistas.
Estas obras são construídas com
materiais em fim de vida, muitos encontrados em terrenos baldios, fábricas
abandonadas ou obtidos diretamente a empresas que terão de se desfazer deles
para uma possível reciclagem. Pára-choques acidentados, contentores do lixo
queimados, pneus, eletrodomésticos, são alguns dos componentes que conseguimos
identificar quando olhamos mais profundamente sobre a peça, que tende a
camuflar o fruto dos nossos hábitos com pouca consciência ecológica e social.
Contrariando uma lógica cada vez mais globalizante, BORDALO II apresenta-nos espécies
locais, espécies extintas ou em perigo. Muito instantaneamente e naturalmente,
a empatia humana gera um relacionamento emocional e afetivo com estes grandes
animais, promovendo, desejavelmente, o questionar dos nossos atos e hábitos e,
quem sabe, a sua posterior transformação, evolução.
Local:
Sinopse:
"Participar no MURO significa participar e contribuir para uma cidade com mais cultura acessível a todos, juntamente com outros artistas, promovendo Lisboa como uma cidade interessada em cultivar os seus habitantes e visitantes."
Numa zona coberta e longa, a ideia é criar alguns elementos de repetição, remetendo à ideia de película de filme antigo. A nova série, Big Trash Animals - Lighted Plastic, onde são incorporados néon-LED e outros quadros de luz programáveis, aplicados entre e por baixo dos plásticos, de forma a criar texturas, transparências, contornos, etc. enfatiza esta ideia, com as luzes a darem ainda mais vida às (já) muito coloridas peças.
Com esta premissa, ao passar pelo túnel da Av. De Pádua, os pilares que inicialmente poderiam ser uma condicionante para a observação da peça no seu todo, passam a ser parte da mesma, criando um efeito de quebra da imagem, um ritmo que nos faz perder a noção de quantos bichos são, ou se estamos a ver a mesma peça de novo, num tempo e espaço dividido por segundos, enquanto avançamos ou regredimos no túnel. Este efeito consegue-se não só através do aproveitamento das características do túnel, mas também porque os vários mochos são idênticos, parecendo ser sempre o mesmo.
São 12 Mochos que irão dar vida a este túnel, tendo sempre inerente a mensagem de todo o corpo de trabalho do Bordalo II – a urgência em reutilizar, reciclar, parar de consumir em prol do nosso Planeta e de todos os que cá vivemos.
Biografia
MURO LX_2021
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